sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A ORIGEM DO VELCRO


O Velcro 





O velcro é uma linha de produtos de alta qualidade para aderência rápida e segura.
   O seu inventor foi um engenheiro suíço chamado George de Mestral. A ideia surgiu-lhe em 1941 quando, após uma viagem de caça, estava a remover as sementes de Bardana da roupa. Curioso em descobrir como é que essas sementes se conseguiam agarrar tão firmemente à sua roupa, resolveu estudá-las ao microscópio e constatou a existência de filamentos entrelaçados que terminavam em pequenos ganchos.
  Percebendo o potencial da adaptação daquela característica natural à vida humana quotidiana, demorou 10 anos até conseguir desenvolver um processo que funcionasse da mesma forma àquele que tinha verificado nas sementes. Concebeu duas partes que se complementavam:  A primeira parte é composta por pequenos pinos, enquanto a segunda tem minúsculos laços. Quando se juntam formam uma zona bastante aderente e adesiva.
 Ciente do que havia inventado, Mestral submeteu uma patente da sua descoberta, em 1951, que lhe foi concedida quatro anos depois.
Mal obteve a patente decidiu passar à comercialização e criou a sua companhia Velcro SA. Decidiu-se por esse nome por inspiração em duas palavras francesas: velours (que significa veludo) e crochet (que significa gancho).
  Após a criação da sua empresa, abriu lojas em diferentes países, incluindo Canadá, Holanda, Bélgica, Alemanha, Grã-Bretanha e Itália. Em 1957 abriu o centro têxtil de Manchester em New Hampshire e foi aí que o seu produto começou a ganhar popularidade.
  Uma das vantagens do uso do velcro é o livre manuseamento. Outro benefício é a produção de um ruído lacrimejante, muito útil contra ladrões.
O produto tornou-se mais famoso quando foi utilizado no desenvolvimento de trajes espaciais pela indústria aeroespacial. Mais tarde foi usado em engrenagens marinhas, bem como em equipamentos de mergulho.



George de Mestral


SAFO DE LESBOS: A DÉCIMA MUSA




"Irremediavelmente, como à noite estrelada segue a rosada aurora, a morte segue todo o ser vivo até que finalmente o alcança..."


Psappha – Era como assinava, no dialeto eoliano - foi a maior poetisa lírica da Antiguidade. Nasceu em Eresso, na ilha grega de Lesbos, por volta do ano de 612 a.C. (século VII). Ainda menina mudou-se para Mitilene, capital da lésbia e ativo centro cultural grego. Na capital, Safo estudou dança, retórica e poética, o que era, então, permitido só a mulheres da aristocracia. Em 593 a.C., juntamente com Alceu e outros cidadãos influentes, foi deportada para a cidade de Pirra (ilha de Lesbos) por conspiração urdida contra o ditador Pitacos. O ditador, temendo-lhe a escrita, condenou-a a um exílio mais distante, na Sicília. 
No primeiro exílio, consta que Alceu lhe enviou um convite amoroso:
"Oh! pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede."

Safo lhe respondeu:

"Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses".

Não se sabe se essa "paquera" de Alceu teve consequências. Mas, certo é, que ele lhe dedicou muitas odes e serenatas.
Safo não era dotada da chamada beleza grega, pois era baixa e magra, olhos e cabelos negros, e de refinada elegância - embora Sócrates a houvesse denominado "A Bela".
Em Metilene, Safo montou uma escola para moças, onde lecionava poesia, dança e música - a primeira escola de aperfeiçoamento da História. E a mestra apaixona-se por suas alunas, que eram chamadas de hetairai (amigas) e não de alunas. Em especial, aquela que viria a tornar-se sua maior amante, Átis. Porém Atis apaixona-se por um jovem e, Safo, com ciúmes, dedica a amante os versos À Amada, considerados até hoje como um dos mais perfeitos versos líricos de todos os tempos:

Ventura que iguala aos deuses,
em meu conceito desfruta
quem junto de ti sentada,
as doces falas te escuta,
goza teu mago sorrir.

Quando imagino em tal gosto
é minha alma um labirinto;
expira-me a voz nos lábios;
nas veias um fogo sinto;
sinto os ouvidos zunir.

Gelado suor me inunda;
o corpo se me arrepia;
fogem-me as cores do rosto,
como ao vir da quadra fria
entra a folha a desmaiar.

Respiro a custo, e já cuido
que se esvai a doce vida!
Arrisquemo-nos a tudo...
contra uma angustia sofrida
Tudo se deve tentar. (tradução Castilho)

Diz a lenda (recolhida por Ovídeo) que Safo, já na idade madura, voltou a amar os homens. Existem duas versões:

    A primeira, é a de que, apaixonada por um marinheiro chamado Faon e por ele desprezada, suicidou-se pulando ao mar, de um rochedo da Leucádia.

    Na outra, Safo serenamente resignada com a sua sorte - segundo manuscrito achado no Egito - recusa um pedido de casamento: Se meu peito ainda pudesse dar leite e meu ventre frutificasse, iria sem temor para um novo tálamo. Mas o tempo já gravou demasiadas rugas sobre minha pele e o amor já não me alcança mais com o açoite de suas deliciosas penas.

A investigação moderna, porém chegou à conclusão que a suicida era uma homônima de Lesbo, que foi famigerada prostituta de luxo e que viveu posteriormente. O certo é que não se sabe como, nem quando morreu Safo.

Quem é belo / é belo aos olhos — e basta.
Mas quem é bom / é subitamente belo

Sua poesia era considerada das mais sublimes. No entanto, devido ao conteúdo erótico, foi censurada na Idade Média por parte dos monges copistas, e sua obra (nove volumes) foi queimada pela igreja em Constantinopla, misturadas as de Anacreonte, no pontificado de Gregório VII. Só em fins do século XIX dois arqueólogos ingleses descobriram, por acaso, em Oxorinco, sarcófagos envoltos em tiras de pergaminho, num dos quais eram legíveis uns seiscentos versos de Safo. Isso é tudo o que restou de sua obra poética. Safo passa por ter inventado o modo mixolidiano, que se baseia no [si], e que se tornou o genuíno modo eólio,cujas duas últimas sílabas são iguais.


"Dizem que há nove musas, que falta de memória!  Esqueceram a décima, Safo de Lesbos." (Platão).