O MISTÉRIO DOS TRÊS COSMONAUTAS QUE
MORRERAM SORRINDO
No
dia 30 de junho de 1971, a nave espacial soviética Soyuz 11 pôs a funcionar o
seu sistema automático de aterrissagem, depois de permanecer 24 dias no espaço.
Nesse momento,
começaria um dos mistérios mais comentados dos anos 70.
NAVE ESPACIAL SOVIÉTICA
SOYUZ 11
Por
mais que tivessem perdido o contato ao atravessarem a ionosfera, não havia
motivo para preocupação, pois a nave estava aterrissando segundo o previsto.
Mas quando
os técnicos abriram a escotilha da astronave, viram que os tripulantes sorriam, mas nenhum
deles se moveu, nem levantou a mão para saudar. Todos estavam mortos.
Então, começaram as hipóteses para tentar aclarar porque os 3 estavam mortos
sem nenhuma deformação nem rastro de terem passado medo durante a
aterrissagem. Primeiro jogaram a culpa na descompressão, mas a autópsia
não revelou hemorragias internas. Outros sugeriram uma trombose ou pânico que
os conduziu a terem uma parada cardíaca, ao pensarem os astronautas, que se
espatifariam no chão, mas o sorriso de seus rostos era um enigma.
O último diálogo entre os cosmonautas e a Terra dava motivos para pensar em
qualquer outra possível hipótese:
“Aqui Yantar – disse
Dobrovolski – tudo vai
perfeitamente a bordo. Estamos em plena forma. Preparados para a aterrissagem.
Já vejo a estação. O sol brilha.”
“Até daqui a pouco Yantar –
respondeu o controle na Terra – Cedo
nos veremos na Pátria. Inicio de manobra de orientação”.
Segundo todas as
aparências, estas foram as últimas palavras registradas, parecendo estar tudo
bem. Se houve algo mais, as autoridades soviéticas não quiseram revelar. Não
obstante, o mistério resiste, ainda que uma falha técnica determinasse uma
descompressão da cápsula, o exame da cabine demonstrou “que não apresentava nenhum defeito de
estrutura” e que só a perda de uma junta do sistema de
fechamento hermético, poderia provocar a catástrofe.
CÁPSULA DE ATERRISAGEM DA SOYUZ
Uma falha como esta condenava os cosmonautas sem a possibilidade de escaparem.
Por outra parte durante o voo deveriam ter registrado uma queda de pressão,
como ocorreu na Apolo 13, na qual foi detectada imediatamente uma explosão
no compartimento de máquinas.
IMAGEM REAL DA TENTATIVA DE RESGATE DOS TRÊS COSMONAUTAS. GRUPOS
DE SUPORTE TENTANDO REALIZAR RCP (REANIMAÇÃO CARDIO - PULMONAR) NOS
COSMONAUTAS. APESAR DE EXISTIR A POSSIBILIDADE DE ISTO SER APENAS PARA
PUBLICIDADE, É POSSÍVEL QUE ELES TIVESSEM TENTADO SALVAR OS COSMONAUTAS NA
ESPERANÇA DE QUE O ACIDENTE DA DESCOMPRESSÃO TIVESSE OCORRIDO A UM INTERVALO DE
TEMPO QUE PERMITISSE QUE ALGUNS DELES FOSSE SALVO.
Uma resposta ao mistério seria dada mais tarde pelo doutor Gultekin Gaymec, de origem turca, quem
ao ouvir a notícia lembrou que a intensidade de cargas elétricas presentes na atmosfera responde a certos
ciclos definidos.
O médico deduziu que a carga elétrica na ionosfera aumentaram repentinamente
até extremos que conduziu a uma aguda alcalose nos astronautas soviéticos. A alcalose ou conteúdo
alcalino exageradamente elevado no sangue e tecidos, podem produzir uma parada
cardíaca. O anidrido carbônico que se faz presente em excesso no organismo,
provoca ríctus no rosto das vítimas, dando o aspecto de estarem sorrindo.
CADÁVER COM RÍCTUS EXPRESSÃO EM FORMA DE
SORRISO QUE APARECE EM CADÁVERES).
O médico fez provas em voluntários, descobriu uma correlação direta entre
os pacientes e os ciclos elétricos
atmosféricos: aumentava o índice de sódio e colesterol. Além de que os
níveis de potássio caíam, lembrando que o potássio é vital para a correta
atividade eléctrica do coração. Estes estudos têm ajudado a
blindar melhor as naves espaciais, mas também para assinalar que os
campos elétricos da atmosfera, que são provocados pela atividade solar, estão
diretamente relacionados a muitas enfermidades, como os ataques do coração.
Apesar de haver uma explicação científica razoável, ainda existem muitas
dúvidas do porquê sorriam os astronautas mortos após a aterrissagem automática
da nave."
O acidente com a Soyus-11 que levou a vida de 3 cosmonautas, por si só já seria
bastante perturbador, terrível e marcante, sem a necessidade adicional de
sorrisos fora de lugar.
SELO DA URSS DE 1971 HOMENAGEANDO OS
COSMONAUTAS GEORGI DOBROVOLSKI (ESQUERDA0, VLADISLAV VOLKOV (CENTRO) E VIKTOR
PATSAYEV (DIREITA)
MONUMENTO ERGUIDO NO EXATO LOCAL DA QUEDA DA CÁPSULA COM AS
VÍTIMAS.
FUNERAL DAS VÍTIMAS. OS COSMONAUSTAS RECEBERAM
UM FUNERAL DE ESTADO.
Em
apenas uma temporada, a norte-americana se sagrou tricampeã olímpica;
resultados expressivos levantaram dúvidas sobre possível doping, mas nada foi
comprovado até hoje contra a corredora.
Florence Griffith-Joyner, nascida a 21 de dezembro de 1959, em
Los Angeles, foi a maior velocista de todos os tempos e uma das atletas mais
consagradas da história do atletismo, sendo, ainda hoje, a recordista mundial
dos 100 metros, cuja marca de 10,49 segundos parece quase impossível de bater.
Florence teve, ao mesmo tempo uma fulgurante e meteórica carreira.
A atleta norte-americana alcançou vitórias e marcas incríveis apenas numa única
temporada, a de 1988, em que se sagrou tricampeã olímpica, triunfando nas
provas de 100 metros, 200 metros e no revezamento de 4 x 100 metros, além da
medalha de prata no revezamento 4 x 400 metros.
Em 16 de julho de 1988, no estádio de atletismo da Universidade de
Indiana, as eliminatórias para os Jogos Olímpicos de Seul se transformaram num
festival de recordes. Antes de 1988, muito embora já fosse uma das
melhores sprinters dos Estados Unidos, o histórico
de Florence apresentava apenas duas medalhas de prata, ambas
conquistadas na prova de 200 metros (nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, e
nos Mundiais de Atletismo de Roma, em 1987) e um ouro, na competição na Itália,
no revezamento 4x100 metros.
Seu melhor tempo pessoal antes de viajar para as eliminatórias de
Indiana era de 10,96 segundos, tempo muito bom, mas ainda longe do recorde
mundial. Na primeira série, no entanto, correu assombrosos 10,60, porém com
vento favorável. Nas quartas de final, fez 10,49. O recorde mundial de
10,76 estabelecido por Evelyn Ashford, quatro anos antes, tinha sido quebrado
por 0,27 seg. No entanto, um problema técnico anulou o recorde: o anemômetro
marcou 0,0 de velocidade do vento. Um idêntico anemômetro para o salto triplo,
colocado a alguns metros do outro, marcou 4,3 m/s.
No dia seguinte, ganhou a semifinal com 10,70 e triturou o recorde na
final com 10,61. Em 24 horas, correu os três 100 metros mais rápidos da
história. E, antes que as eliminatórias terminassem, esmagou também o recorde
dos 200 metros.
ATÉ 1987 TRABALHAVA COMO BANCÁRIA E
CABELEIREIRA
Muitas pessoas estavam mais que surpresas, estavam incrédulas. O que
tornava seu sucesso em Indiana ainda mais ilógico é que ela havia abandonado o
atletismo em 1986, para se dedicar ao seu emprego de bancária e, à noite, de
cabeleireira. Quando decidiu voltar em abril de 1987, estava com quilos de
sobrepeso. Em pouco mais de quatro meses, conquistou a medalha de prata no
Campeonato Mundial de Roma.
Flo-Jo, como era carinhosamente conhecida, afirmou que seu progresso era
devido a uma técnica aperfeiçoada, uma dieta especializada e uma total
dedicação aos treinamentos, especialmente na academia. Disse mais que falara
longamente com Ben Johnson e adaptou seu treinamento ao dele: “Se você quer
correr como um homem, você deve treinar como um homem” declarou.
Na verdade, até então, Flo-Jo era conhecida pelos treinos com o técnico
Bob Kersee, por usar unhas muito compridas e envergar equipamentos
extravagantes. Ela retornou à carreira incentivada por Kersee e motivada pelo
seu casamento, em 1987, com o então campeão olímpico do salto triplo,
Al Joyner, irmão de Jackie Joyner, quem por sua vez fora casada com o
treinador Kersee.
Quando se iniciou a fase de preparação olímpica para os Jogos de 1988,
surgiu melhor do que nunca: alma transfigurada e corpo mais forte, musculoso,
poderoso, passando até a correr de forma diferente da
habitual. Florence treinou intensamente, privilegiando a preparação
física com halteres e corridas de resistência.
Em Seul, Flo-Jo ganhou o ouro nos 100 metros, nos 200 metros, no
revezamento 4x100 metros e prata nos 4x400 metros. Nos 100 metros, quebrou o
recorde olímpico duas vezes ganhou a final com o tempo de 10,54, mas com
vento a favor. Nas semifinais dos 200 metros, bateu o recorde mundial em 0,15
seg, e, em menos de duas horas, bateu novamente na final o melhor tempo em 0,22
seg, com o tempo de 21,34 segundos. Mesmo no revezamento 4 x 400 metros, Florence efetuou
o último percurso no fantástico tempo de 48,07 segundos, cuja distância não era
sua especialidade.
ESPANTO E ADMIRAÇÃO, DÚVIDAS E SUSPEITAS
Os tempos fabulosos alcançados e a maneira aparentemente fácil como
conquistou as 4 medalhas olímpicas em 1988 provocaram dois tipos de reação:
espanto e admiração, por um lado, dúvidas e suspeitas, por outro. Para se ter
uma ideia do que representa o recorde de Florence nos 100 metros, basta
afirmar que em 1998 - ano da sua morte – seu recorde mundial de 10,49 segundos
era ainda 16 centésimos melhor que a da segunda mulher mais rápida, Marion
Jones (10,65 segundos).
Os Jogos Olímpicos de Seul seriam dominados pelos rumores de doping.
"Florence correu 10,49 nas eliminatórias olímpicas e o pessoal disse
‘vento’. Fez aqui 21,34 e o pessoal acusou ‘doping’, lamuriou-se
Al Joyner.
Griffith-Joyner passou por 11 testes de doping em 1988. O príncipe
Alexandre de Mérode, presidente da
comissão médica do Comitê Olímpico Internacional, afirmou à época que ela foi
particularmente submetida a rigorosos e diversificados testes. “Jamais
encontramos algo e não restou a mais mínima suspeita”, declarou.
Infelizmente para Griffith-Joyner, muitos atletas e comentaristas
consideraram sua intuição mais confiável que os laboratórios do COI. Na Vila
Olímpica, os atletas viam-na com suspeita. Joaquim Cruz, um meio-fundista
brasileiro que ganhou o ouro nos 800 metros em 1984 e prata em Seul, disse:
“Florence, em 1984, podia ser vista como uma pessoa extremamente feminina. Hoje
ela parece mais homem que mulher”.
Em março de 1989, Charlie Francis, o desacreditado técnico de Ben
Johnson, implicou-a, durante um depoimento ao Inquérito Dubin do Canadá sobre o
doping no esporte. Al Joyner retrucou duramente: “Ele é sujo”. Mais
tarde, no mesmo ano, Darrell Robinson, ex-corredor dos 400 metros, disse que
havia conseguido um hormônio de crescimento humano para Florence. Ela o
chamou de “compulsivo, louco, mentiroso lunático”.
PÓS-OLIMPÍADA
Após Seul, Flo-Jo estava otimista quanto ao futuro. Planejou defender
seus títulos em Barcelona em 1992 e falou em competir nos 400 metros. Em
fevereiro de 1989, no entanto, anunciou abruptamente que iria parar de
competir.
A decisão foi anunciada justo quando foi introduzido o teste aleatório
obrigatório de doping. Outra fofoca não comprovada insinuava um positivo em um
dos testes, possivelmente ainda em Seul. Entretanto, para salvar o atletismo de
outro constrangimento após o escândalo Johnson, teria sido oferecida a ela a
oportunidade de se aposentar dignamente, sem que o resultado do teste jamais se
tornasse público.
Afastada das pistas, passou a desenhar roupas, escreveu um par de
romances e uma série de livros infantis lançando um personagem de nome Barry
Bam Bam, abriu uma firma de cosméticos, gravou vídeos de boa forma e voltou sua
atenção para o teatro. Em 1990 teve uma filha, Mary, homenagem à mãe
de Joyner, que morreu aos 38 anos.
Um par de anos depois, anunciou sua intenção de retornar ao atletismo.
“Sempre gostei das longas distâncias era meu sonho competir numa maratona
olímpica”, disse, lançando suas vistas para as olimpíadas de Atlanta
(1996). No entanto, durante um voo nesse mesmo ano,
Griffith Joyner sofreu um ataque epiléptico. Passou a noite no
hospital, porém nenhum sintoma grave foi detectado. Em setembro de 1998, quando
tinha apenas 38 anos, faleceu repentinamente durante o sono, tendo o médico
forense concluído que tinha morrido asfixiada em seu próprio travesseiro
durante um ataque epiléptico. Al Joyner exigiu que seu corpo fosse
rigorosamente testado para sinais de esteróide. Nada foi encontrado.
O problema era que a ascensão de Flo-Jo foi incrivelmente rápida e seus
tempos extraordinariamente bons. Sua carreira como corredora de alto nível
durou efetivamente três meses e oito corridas. Com somente 8 provas, detém os
três melhores e 5 dos 10 mais rápidos tempos da história. Nestes 27 anos desde
1988, o recorde masculino dos 100 metros foi batido 15 vezes. A marca
de Florence não só permanece firme, como ninguém conseguiu sequer
chegar perto dela. Somente três mulheres chegaram a correr abaixo dos 10,70.
O recorde de Griffith Joyner nos 200 metros é também
categoricamente imbatível. A única mulher a ficar a menos de 0,30 segundo foi
Marion Jones. A jamaicana Veronica Campbell-Brown, conquistou o ouro nos Jogos
Olímpicos de Atenas (2004) e de Pequim (2008), tem como seu melhor tempo
pessoal 21,74, ou seja, 0,4 segundo mais lento
que Griffith Joyner em Seul.
FLO-JO, COMO ERA CONHECIDA, GANHOU A MEDALHA DE OURO NOS 100 METROS EM SEUL
FLORENCE DURANTE EXERCÍCIOS INICIAIS ANTES DAS PROVAS DE ATLETISMO NA CAPITAL SUL-COREANA
FLORENCE GRIFFITH-JOYNER DURANTE OS JOGOS OLÍMPICOS DE SEUL, EM 1988
FLORENCE GRIFFITH - JOYNER E O PRESIDENTE RONALD REAGAN
Van Gogh nasceu numa família de classe média
alta e passou o início de sua vida adulta trabalhando para uma firma de
negociantes de arte. Viajou por Haia, Londres e Paris, posteriormente indo lecionar em Isleworth e Ramsgate. Profundamente religioso quando mais jovem,
aspirava a ser um pastor. A partir de 1879, serviu como missionário numa região
de mineração na Bélgica, onde começou a esboçar representações de
pessoas da comunidade local. Em 1885, pintou seu primeiro grande trabalho. A paleta por ele empregada à época consistia
principalmente em tons terrosos sombrios e não mostrava nenhum sinal da coloração vívida que viria a distinguir suas
pinturas posteriores. Em março de 1886, mudou-se para Paris, onde conheceu os impressionistasfranceses. Mais tarde, migrou para o sul daquele país,
onde passou a ser influenciado pela forte incidência solar da região, algo que
estimulou o desenvolvimento de trabalhos em maior complexidade cromática. Essa
mudança veio a criar um estilo único e altamente reconhecível que encontrou
auge durante sua estada em Arles, em 1888.
Após tempos sofrendo de ansiedade e com crises de desequilíbrio
mental, van Gogh morreu
aos 37 anos em decorrência de uma ferida de bala auto-infligida, num ato
de suicídio. Até que ponto a
saúde mental afetou sua produção figurativa tem sido uma questão amplamente
debatida por acadêmicos. Apesar da tendência generalizada de se romantizar sua
má condição psíquica, críticos contemporâneos vêem no pós-impressionista um
artista profundamente frustrado com a inatividade e a incoerência forjada pela
doença. Suas últimas pinturas, contudo, mostram-no ao auge de suas habilidades,
completamente sob controle e, de acordo com o crítico de arte Robert Hughes,
"ansiando por concisão e graça". Van Gogh é considerado um dos
pioneiros estabelecedores da ligação entre as tendências
impressionistas e as
aspirações modernistas, sendo a sua
influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por
exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo. Sua fama póstuma cresceu especialmente após a
exibição das suas telas em Paris, em 17 de março de 1901. Com uma vasta obra, o
artista é considerado um dos mais importantes da história. Em sua homenagem,
foi fundado o Museu Van Gogh, em Amsterdã, dedicado à
difusão de seu legado.
MUSEU VAN GOGH EM AMSTERDÃ
PRIMEIROS
ANOS
Vincent Willem van Gogh nasceu em 30 de março de
1853, em Groot-Zundert, um povoado próximo de Breda, na província de Brabante
do Norte, localidade de
cultura predominantemente católica no sul
dos Países Baixos. Foi o filho mais velho de Theodorus van
Gogh, um pastor da Igreja Reformada Holandesa, e Anna Cornelia Carbentus. O nome de Vincent
foi dado em homenagem ao avô e a um irmão, o primogênito, natimorto exatamente um ano antes de seu
nascimento. A prática da reutilização de nomes não era incomum à época;
"vincent", em verdade, foi um prenome recorrente na família van Gogh,
que teve como figura mais influente o avô (1789-1874), formado em teologia
pela Universidade de Leiden em 1811. Este teve seis filhos, três dos
quais se tornaram negociantes de arte, incluindo um outro Vincent, citado nas
cartas como "tio Cent". O avô, por sua vez, talvez tenha sido nomeado
em sequência ao tio de seu pai, o bem-sucedido escultor Vincent van Gogh
(1729-1802). Arte e religião foram dois âmbitos em torno dos quais a
família van Gogh orbitou. Já o irmão mais próximo do futuro
pós-impressionista, Theodorus, ou
"Theo", nasceu em 1º de maio de 1857. Ele tinha outro irmão,
Cornelius, ou "Cor", e três irmãs, chamadas Elisabeth, Anna, e
Willemina, esta última também referida como "Wil".
Van Gogh foi uma criança séria, quieta e
introspectiva. Frequentou uma escola do vilarejo local a partir de 1860, onde
um único professor católico ensinava para cerca de duzentos alunos. Em 1861,
contudo, ele e sua irmã Anna passaram a ter aulas em casa, dadas por uma
instrutora particular, condição essa que perdurou até 1° de outubro de 1864,
quando foi colocado num colégio de internato em Zevenbergen, distante
aproximadamente 32 km (20 milhas) de casa. O menino mostrou-se aflito em deixar
o lar de sua família. Em 15 de setembro de 1866, foi transferido para a escola
secundária Willem II, em Tilburgo. Constantijn C. Huysmans, um artista de sucesso
de Paris, ensinou-o a desenhar no colégio. A prática do desenho, iniciada na
infância, foi continuada ao longo dos anos que antecederam a sua decisão de se
tornar um artista. Embora bem-feitas e expressivas, as primeiras
ilustrações não abordavam os temas com a intensidade que viria a dominar suas
obras posteriores. Em março de 1868, deixou a escola repentinamente e
voltou para casa. Ao escrever sobre seus primeiros anos numa carta para Theo,
em 1883, Vincent confessou: "minha juventude foi sombria e fria e
estéril".
Em julho de 1869, seu tio Cent o ajudou a obter
uma vaga de trabalho com os negociantes de arte da Goupil
& Cie, em Haia. Após um treinamento, a empresa o transferiu,
em junho de 1873, para Londres, onde se alojou na Hackford Road, 87, Brixton, e trabalhou na Goupil & Co. da Southampton
Street.
Considera-se este como um período feliz da
vida de van Gogh; quando foi bem-sucedido no trabalho e, aos 20 anos, ganhava
mais que seu pai. A esposa de Theo mais tarde afirmou ter sido este o ano mais
feliz na vida do irmão de seu marido. Nesse ínterim, Vincent se apaixonou pela
filha de sua senhoria, Eugénie Loyer, porém, quando finalmente confessou seus
sentimentos para a garota, ela o rejeitou, dizendo que estava secretamente
noiva de um ex-inquilino. A partir daí, ele se tornou cada vez mais isolado e
fervoroso em religião. Seu pai e tio arranjaram-lhe uma transferência para
Paris, mas lá ficou ressentido por causa da forma com que a arte era tratada,
como um commodity, algo que passou a transparecer em seu
comportamento no emprego e que foi notado pelos clientes. Em 1º de abril de
1876, Goupil o afastou do trabalho.
GRAVURA DE VAN GOGH RETRATANDO SUA MORADA EM LONDRES, QUANDO TRABALHAVA PARA A GOUPIL & CO.
Van Gogh retornou à Inglaterra para trabalhar
voluntariamente como professor substituto numa pequena escola de internato em
Ramsgate. Quando o dono da instituição se mudou para Isleworth, Middlesex, Vincent foi com ele, executando parte da
viagem a trem e parte a pé. Essa ocupação, contudo, não vingou e o rapaz a
abandonou na busca por se tornar um assistente de pastor metodista, seguindo o desejo de "pregar o evangelho
em toda parte". No natal, voltou para casa e, após, foi trabalhar numa
livraria em Dordrecht por seis meses. Infeliz com o emprego,
passava a maior parte de seu tempo a rabiscar ou traduzir passagens da Bíblia em Inglês, francês e alemão. De
acordo com seu companheiro de quarto à época, um jovem professor chamado
Görlitz, Vincent comia frugalmente e preferia não ingerir carne.
CASA HOLME COURT, EM ISLEWORTH, ONDE VINCENT MOROU EM 1876
O zelo religioso de van Gogh cresceu até que
sentiu ter encontrado sua verdadeira vocação. Como apoio ao seu esforço de se
tornar um pastor, sua família o enviou a Amsterdã, para que estudasse teologia, em maio de 1877, onde permaneceu com o tio Jan
van Gogh, um vice-almirante da Marinha. Preparou-se para um exame de entrada com
outro tio, Johannes
Stricker, um respeitado
teólogo nos Países Baixos. Vincent, após a reprovação no exame, deixou a casa
do tio Jan em julho de 1878. O rapaz, então, buscou um curso de três meses na
Vlaamsche Opleidingsschool, uma escola missionária protestante em Laeken, próxima de Bruxelas, mas não o completou.
Em janeiro de 1879, assumiu um cargo temporário
como missionário no vilarejo de Petit Wasmes, no distrito de Borinage, na Bélgica, que tinha como principal atividade econômica a
mineração de carvão. Van Gogh, nesse período, viveu nas mesmas condições de
pobreza que aqueles para quem pregou, dormindo em palha numa pequena cabana ao
fundo da casa de um padeiro. A mulher do comerciante relatava ouvir Vincent a
soluçar à noite na cabana. Sua escolha por viver em condições miseráveis fez
com que fosse mal visto pelas autoridades da igreja, que o demitiram por
"causar prejuízos à dignidade do sacerdócio". Partiu para
Bruxelas, retornou brevemente para a aldeia de Cuesmes, em Borinage, mas
cedeu à pressão de seus pais e voltou para casa, em Etten. Van Gogh lá ficou até por volta de março do
ano seguinte, algo que deu grande preocupação e frustração para seus pais.
Havia um particular conflito entre Theodorus e seu filho, o que o motivou a
tentar interná-lo num hospício em Geel.
O rapaz acabou voltando para Cuesmes, onde se
alojou com um mineiro chamado Charles Decrucq. Passou a se interessar,
então, pelas pessoas e cenas ao seu redor, registrando o cotidiano nos
desenhos, algo que foi sugerido pelo irmão, Theo, desejando que Vincent levasse
a arte a sério. Viajou, num outono, a Bruxelas, com a intenção de seguir a
recomendação do irmão para que estudasse com o artista Willem
Roelofs, o qual, por sua
vez, o persuadiu — apesar da aversão de van Gogh às escolas formais de arte — a
frequentar a Académie
Royale des Beaux-Arts, na qual veio a se
matricular em 15 de novembro de 1880. Na Académie, estudou anatomia e as regras padrão de sombreado e perspectiva, sobre a qual declarou: "você tem que
saber para ser capaz ao menos de desenhar alguma coisa". Vincent
desejava se tornar um artista a serviço de Deus, "para tentar entender o
significado real do que os grandes artistas, os graves mestres, dizem-nos nas
suas obras-primas, que levam a Deus; um homem escreveu e contou isso num livro,
outro (pode contar) numa imagem".
CASA EM CUESMES ONDE VAN GOGH VIVEU POR VOLTA DE 1880. ENQUANTO LÁ ESTEVE, DECIDIU SE TORNAR UM ARTISTA.
ETTEN, DRENTHE E HAIA
Vincent se mudou com seus pais para o interior de Etten em abril de 1881. Continuou
desenhando, muitas vezes usando vizinhos como tema. No verão daquele ano, o rapaz costumou realizar
longas caminhadas com a prima recentemente enviuvada Kee Vos-Stricker, filha da
irmã mais velha de sua mãe e Johannes Stricker.A moça era sete anos
mais velha que ele e tinha um filho de oito anos de idade. Van Gogh a pediu em
casamento, mas ela recusou, respondendo: "não, nunca, jamais"
("nooit, neen, nimmer"). Em novembro, Vincent escreveu uma
contundente carta a Johannes e, em seguida, partiu para Amsterdã, onde
eles se falaram em várias ocasiões. Kee se recusava a vê-lo e os pais dela
escreviam-lhe: "sua persistência é repugnante". Em desespero, van
Gogh um dia colocou sua mão esquerda numa chama de lâmpada, falando:
"deixe-me vê-la pelo tempo em que eu consigo manter minha mão no
fogo". Ele não recordaria o evento muito bem, mas depois relatou que
seu tio teria apagado a chama. O pai de Kee deixou claro que a recusa da filha
teria de ser ouvida e que os dois não se casariam por causa da
incapacidade de van Gogh de se sustentar. A percepção a partir daí
construída a respeito do tio e ex-tutor o teria afetado profundamente e posto
fim no seu fervor religioso. Num natal, Vincent se recusou a ir à igreja,
discutindo violentamente com o pai como resultado disso, o que, por
conseguinte, levou-o a sair de casa no mesmo dia, indo para Haia.
KEE VOS-STRICKER COM SEU FILHO, JAN, C. 1879 - 1880
Van Gogh se estabeleceu em Haia em janeiro de
1882, e lá passou a visitar o marido de uma prima, Anton Mauve, pintor realista holandês e um dos principais membros
da Escola de
Haia. Malva
apresentou-o à pintura a óleo e aquarela e emprestou-lhe dinheiro para montar
um estúdio, mas os negócios de ambos logo caíram. Um tio de Vincent,
Cornelis, um negociante de arte, encomendou-lhe doze ilustrações a tinta de
paisagens da cidade, as quais o sobrinho concluiu logo após chegar em Haia, junto
com mais sete outros trabalhos de desenho. Van Gogh passou três semanas de
junho daquele ano num hospital, sofrendo de gonorreia. No verão que seguiu, começou a pintar a
óleo.
AQUARELA DE VAN GOGH RETRATANDO O TELHADO DO ATELIÊ DE HAIA, 1882
Mauve teria subitamente se tornado frio com
Vincent, não retornando algumas de suas cartas. Este supôs que o parente teria
descoberto que estava a morar com uma prostituta e mãe solteira, Clasina Maria
Hoornik (1850-1904), também chamada de "Sien". Van
Gogh teria conhecido Sien no final de janeiro, grávida e com uma filha de cinco
anos de idade. A mulher já havia dado a luz a duas crianças que morreram,
embora Vincent não soubesse disso; em 2 de julho, Sien pariu um menino,
que recebeu o nome de Willem. Quando Theodorus descobriu os detalhes
do relacionamento, exigiu que seu filho a abandonasse, embora o pintor tenha
primeiramente recebido esse mando como um desafio. Van Gogh pensou em se mudar
com a família de Sien para fora da cidade, mas, em outono de 1883, decidiu por
deixá-la. É possível que a falta de dinheiro teria obrigado a moça a
voltar à prostituição. A partir desse eventos, Vincent teria sentido que a vida
familiar era incompatível com o seu desenvolvimento artístico. Quando ele foi
embora, Sien deu sua filha para a mãe e Willem, ainda bebê, para um irmão. Ela,
então, mudou-se para Delft e mais tarde para Antuérpia.
Willem, tempos depois, relatou ter sido levado
para visitar a mãe em Roterdã quando tinha por volta de 12 anos de
idade. Lá, um tio tentou persuadir Sien a se casar a fim de legitimar o filho.
Willem lembrou de sua mãe dizendo: "mas eu sei quem é o pai. Ele era um
artista com quem eu vivi há quase vinte anos atrás, em Haia. Seu nome era van
Gogh". Ela, então, teria falado para o filho: "você recebeu esse nome
em homenagem a ele". Embora Willem acreditasse ser filho de Vincent
van Gogh, o período de seu nascimento torna essa hipótese improvável. Em
1904, Sien cometeu suicídio, afogando-se no rio
Escalda. Ao fim do
relacionamento, Van Gogh mudou-se para a província de Drente, no norte dos Países Baixos. A solidão,
contudo, o fez voltar à casa de seus pais, que haviam se mudado para um povoado
em Nuenen, ainda em Brabante
do Norte.
PARIS
Em março de 1886, Van Gogh mudou-se para Paris, onde dividiu um apartamento em Montmartre com Theo. Depois, os dois mudaram-se para
um apartamento maior na Rua Lepic, 54. Por alguns meses, Vincent trabalhou
no Estúdio Cormon, onde conheceu os artistas John Peter Russell, Émile Bernard e Henri de Toulouse-Lautrec, entre outros. Este último, alcóolatra, apresenta van Gogh ao absinto, bebida popular da ocasião, que viria a ser
muito consumida pelo pintor, que a retratou em Natureza Morta com Absinto. O absinto possuía como principal ingrediente
uma planta alucinógena de nome Artemisia absinthium e apresentava gradação alcoólica de 68%. O absinto, também conhecida como
"fada verde" devido aos efeitos alucinógenos, foi responsabilizado
por alucinações, surtos psicóticos e
até mesmo mortes.
NATUREZA MORTA COM ABSINTO 1887,
NESSA OBRA O PINTOR RETRATA O ABSINTO, BEBIDA EM QUE SE VICIOU
Naquela época, o impressionismo tomava conta das galerias de arte de
Paris, mas Van Gogh tinha problemas em assimilar esse novo conceito de pintura.
Vincent e Émile Bernard começaram o uso da técnica do pontilhismo, inspirados em Georges
Seurat.
A partir de sua estada em Paris, Van Gogh
abandona sua temática sombria e obscura de camponeses e suas obras recebem tons
mais claros. São desta época os quadros Mulher sentada no Café du
Tambourin, A ponte Grande Jatte sobre o Sena, Quatro
Girassóis, os Retratos de Père Tanguy, entre outros.
Em 1887, conhece Paul Gauguin, e mais para o final do ano expõe em Montmartre. No ano seguinte, decide mudar-se de Paris.
ARLES
Vincent van Gogh chegou em Arles, no Sul de França, no dia 21 de fevereiro de 1888. A cidade era
um local que o impressionava pelas paisagens e onde esperava fundar uma colônia
de artistas.
Com o objetivo de decorar a sua casa em Arles
(conhecida como A Casa Amarela, retratada em uma de suas obras), Van Gogh
pintou a série de quadros com girassóis, dos quais um se tornaria numa de suas obras
mais conhecidas. Dos artistas que deixara em Paris, apenas Gauguin respondeu ao
convite feito para se instalar em Arles. O Vinhedo Vermelho, único quadro vendido durante a sua vida, foi
pintado nesta altura. Ele o vendeu por 400 francos.
Gauguin e Van Gogh partilhavam uma admiração mútua,
mas a relação entre ambos estava longe de ser pacífica e as discussões,
frequentes. Para representar as relações abaladas entre os dois, Van Gogh pinta
A Cadeira
de Van Gogh e a A Cadeira de Gauguin, ambas de dezembro de 1888. As duas cadeiras estão vazias, com objetos que
representam as diferenças entre os dois pintores. A cadeira de Van Gogh é sem
braços, simples, com assento de palha; a de Gauguin possui assento estofado e
possui braços.
Mediante os diversos conflitos, Gauguin pensa em
deixar Arles: "Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz,
devido à incompatibilidade de temperamentos", queixou-se ele a Theo.
Gauguin sentia-se incomodado com as variações de humor de Vincent pela pressão
exercida por elas.
Em 23 de dezembro de 1888, após a saída de Gauguin para uma
caminhada, Van Gogh o segue e o surpreende com uma navalha aberta. Gauguin se assusta e decide
pernoitar em uma pensão. Transtornado e com remorso pelo feito, Vincent corta
um pedaço de sua orelha direita, que embrulha em um lenço e leva, como
presente, a uma prostituta sua amiga, Rachel. Vincent retorna à sua casa e
deita-se para dormir como se nada acontecera. A polícia é avisada e encontra-o
sem sentidos e ensanguentado. O artista é encaminhado ao hospital da cidade. Gauguin
então manda um telegrama para Theo e volta para Paris, julgando melhor não
visitar Vincent no hospital.
Vincent passa 14 dias no hospital, ao final dos
quais retorna à casa amarela. Em seu retorno pinta o Auto-Retrato
com a Orelha Cortada. O episódio
trágico convenceu van Gogh da impossibilidade de montar uma comunidade de
artistas em Arles.
O estilo de pintura acompanhou a mudança
psicológica e Van Gogh trocou o pontilhado por pequenas pinceladas.
Quatro semanas após seu retorno do hospital, Van
Gogh apresenta sintomas de paranoia e imagina que lhe querem envenenar. Os
cidadãos de Arles, apreensivos, solicitam seu internamento definitivo. Sendo
assim, van Gogh passa a viver no hospital de Arles como paciente e preso.
Rejeitado pelo amigo Gauguin e pela cidade,
descartados seus planos da comunidade de artistas, se agrava a depressão de Van
Gogh, que tinha como único amigo seu irmão Theo, que por sua vez estava por
casar-se. O casamento de Theo contribui para a inquietação de Vincent, que teme
pelo afastamento do irmão.
SAINT – RÉMY
Em 1889, aos 36 anos, pediu para ser internado no hospital psiquiátrico em Saint-Paul-de-Mausole, perto de Saint-Rémy-de-Provence, na Provença. A região do asilo
possuía muitas searas de trigo, vinhas e olivais, que transformaram-se na
principal fonte de inspiração para os quadros seguintes, que marcaram nova
mudança de estilo: as pequenas pinceladas evoluíram para curvas espiraladas.
AUVERS – SUR - OISE
Em maio de 1890, Vincent deixou a clínica e mudou-se de novo
para perto de Paris (em Auvers-sur-Oise), onde podia estar mais perto do seu irmão e
frequentar as consultas do doutor Paul Gachet, um especialista habituado a
lidar com artistas, recomendado por Camille Pissarro. Gachet não conseguiu melhorias no estado de
espírito de Vincent, mas foi a inspiração para o conhecido Retrato do Doutor Gachet. Em Auvers Van Gogh produz cerca de oitenta
pinturas.
RETRATO DO DR. GACHET, OBRA DE 1890
Entretanto, a depressão agravou-se, e a 27 de
Julho de 1890, depois de semanas de intensa atividade
criativa (nesta época Van Gogh pinta, em média, um quadro por dia), Van Gogh dirige-se ao campo onde disparou um
tiro contra o peito. Arrastou-se de volta à pensão onde se instalara e onde
morreu dois dias depois, nos braços de Theo. As suas últimas palavras,
dirigidas a Theo, teriam sido: "La tristesse durera toujours" (em
francês, "A tristeza durará para sempre").
A
DOÊNÇA
Na ocasião, o diagnóstico de Van Gogh mencionava perturbaçõesepiléticas, ainda que o diretor do asilo, Dr. Peyron,
sequer fosse especialista em psiquiatria. As crises
ocorriam de tempos em tempos, precedidas por sonolência e em seguida apatia.
Tinham a média de duração de duas a quatro semanas, período no qual Van Gogh
não conseguia pintar. Nestas crises predominavam a violência e as alucinações. No entanto, Van
Gogh tinha consciência de sua doença e lhe era repulsivo viver com os demais
doentes mentais da instituição.
"Após a
experiência dos ataques repetidos, convém-me a humildade. Assim pois:
paciência. Sofrer sem se queixar é a única lição que se deve aprender nesta
vida."
— Vincent
Van Gogh
A doença de Van Gogh foi analisada durante os
anos posteriores e existem várias teses sobre o diagnóstico. Alguns como o
doutor Dietrich Blumer, em artigo publicado no American Journal of
Psychiatry, mantém o diagnóstico de epilepsia do lobo
temporal, agravada pelo uso
do absinto.
Segundo alguns, Vincent teria sofrido de xantopsia (visão dos objetos em amarelo), por isso exagerava
no amarelo em suas telas. Esta xantopsia pode ou não ter surgido pelo excesso
de ingestão de absinto, que contém tujona, uma toxina. Outra teoria seria que doutor
Gachet teria indicado o uso de digitalis para o tratamento de epilepsia, o que
poderia ter ocasionado visão amarelada a Van Gogh. Outros documentos
relatam ainda que na verdade Van Gogh seria daltônico.
Consta que na família de Van Gogh existiram
outros casos de transtorno mental: Théo sofreu depressão e ansiedade e faleceu
de "demência paralítica" (neurossífilis), no Instituto Médico para
Doentes Mentais em Utrecht. Willemina era esquizofrênica e viveu durante 40
anos neste mesmo instituto e Cornelius cometeu suicídio aos 37 anos de idade.