quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Inéditos e dispersos


Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e



dos restos do dia, tira da tua boca


o punhal e o trânsito, sombras de


teus gritos, e roupas, choros, cordas e


também as faces que assomam sobre a


tua sonora forma de dar, e os outros corpos


que se deitam e se pisam, e as moscas


que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor


(não ouças)


que se prepara para carpir tua vigília, e os


cantos que


esqueceram teus braços e tantos movimentos


que perdem teus silêncios, o os ventos altos


que não dormem, que te olham da janela


e em tua porta penetram como loucos

pois nada te abandona nem tu ao sono.



ANA CRISTINA CÉSAR








Nenhum comentário:

Postar um comentário