quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SONETO





Pálida à luz da lâmpada sombria,

sobre o leito de flores reclinada,
como a lua por noite embalsamada,
entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
pela maré das águas embalada!
era um anjo entre nuvens d'alvorada
que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era a mais bela! Seio palpitando...
negros olhos as pálpebras abrindo...
formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
por ti - as noites eu velei chorando,
por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!




ÁLVARES DE AZEVEDO


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