segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Lágrimas ocultas



Se me ponho a cismar em outras eras
em que ri e cantei, em que era querida,
parece-me que foi noutras esferas,
parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida
que dantes tinha o rir das primaveras,
esbate as linhas graves e severas
e cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
toma a brandura plácida dum lago
o meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!




FLORBELA ESPANCA

(POETISA PORTUGUESA)





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