sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

PROFANO






Alguém cuspiu na tua campa fria
e tua putrefata carne quiseram comer;
foi tua angústia que te absorveu completamente;
ah, mas eu fiquei e não vi ninguém chorar por ti!


Tua prole renegou teu nome
e tua alma não pôde descansar;
viraste escárnio, zombaria;
queimaram tuas tristes poesias
e prostituíram a santa que adoravas.


Que pecado horrendo caiu sobre ti;
 que agourentas mãos coseram tua mortalha;
ninguém viu teu rosto no caixão;
até os castiçais rejeitaram as velas
que iluminariam teu corpo sem vida.


A deliciosa certeza de tua morte foi um alívio para muitos,
para mim então...


A tua herança é um fadário que ninguém quer receber.


Creia-me, se pudesses ouvir-me agora,
não desejaria voltar do túmulo gelado, frio
pra viver de novo.


Aqui tu foste um anticristo,
Ninguém ousava chamar teu nome,
eras inacreditavelmente desprezível
e muito mais agora depois de tua morte,
tua memória jazerá contigo eternamente.


Talvez possamos aprender uma lição
com tua infame existência:
-Todas as vezes que quisermos beijar alguém,

Devemos observar se não há veneno oculto em sua boca.



AUTORIA: FLÁVIA REGINA

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